Sangue indígena é sangue negro
Nestes últimos quatro anos temos assistido incrédulos, mas também imóveis, ao maior retrocesso visto em toda a história brasileira. O enfraquecimento do Estado e políticas públicas sancionadas que garantem somente privilégios aos mais ricos.
Enquanto isso, a história real do Brasil, que por muitos foi abafada, agora vem sendo realmente destruída, enterrada e substituída por notícias falsas. E continuamos imóveis. Imóveis porque não são os nossos que estão sentenciados.
Faço essa breve introdução para os colegas Lucas (Urubu do Quilombo) e Gisele Matamba trazerem o seu texto encharcado de indignação perante as diferenças de classe e raça.
Rafaella Albuquerque
Mais uma aldeia incendiada!
Mais uma criança de 12 anos estuprada e assassinada!
Mais uma criança de 3 anos jogada ao rio que segue desaparecida!
Parece trechos de um filme de terror, mas é a vida real, é a vida do povo "Yanomami". O contraditório é que no dia 3 de maio de 2022 foi aprovada uma lei na câmera dos deputados a chamada "lei Henry Borel", que altera o código penal e torna crime hediondo homicídios contra menores de 14 anos. Lei esta que visivelmente não agrega a todos.
Há um ditado no Brasil que diz que em países como Brasil, a violência tem cara, cor e endereço. As mortes encomendadas ao povo preto e indígenas não sensibilizam a sociedade. Por aqui, insultar, matar, escravizar pretos e indígenas NÃO sensibiliza. Estuprar, incendiar uma comunidade após o sistema sancionar para uma pena mais ostensiva, só mostra que esta pena claramente não agrega uma igual punição aos crimes cometidos às crianças “Yanomamis” e negras de periferia.
A sensibilização, a justiça e a penalidade devem ser cruel assim como foi para os praticantes do crime à criança Henry Borel. Uma dívida de reparação. E no dia 14 de maio essa conta somará mais 134 anos.
Lucas e Gisele Matamba
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