Trabalhadoras do lar, do campo e da cidade, uni-vos!
Criado em 1891 durante a II Internacional Socialista, o dia Internacional da luta dos trabalhadores foi definido como um dia de reivindicações por condições dignas de trabalho, mas a tentativa de amenizar o caráter combativo do dia, este fora convertido num feriado.
Segundo o Boletim do Departamento estadual de São Paulo, em 1912 o operariado era composto por 10.204 trabalhadores distribuídos em 23 fábricas, dentre os quais 6.801 eram do sexo feminino.
Historicamente o movimento feminista organizado - desde sua primeira onda, que ficou mais famosa pela luta pelo direito ao voto - já vinha denunciando questões de assédio sexual no trabalho e pelo direito à creches gratuitas.
Em 1917, já lutavam contra as extensas jornadas de trabalho, locais insalubres como também eram defrontadas pela ausência de contratos de trabalho, violência sexual, desigualdade salarial e falta de condições para o exercício da maternidade concomitantemente a ocupação profissional;
Além da culpabilização das mulheres pelo desemprego dos homens, o que ainda voltava alguns trabalhadores do sexo masculino contra suas pautas.
Tais fatos fizeram com que as mulheres reivindicassem uma emancipação que incluísse educação, liberdade sexual e reprodutiva, o fim do padrão burguês de feminilidade, pela aniquilação da hierarquia sexual imposta.
Atualmente as mulheres continuam tendo mais pessoas sob seus cuidados, conjuntura que nos leva a aceitar remunerações menores, cargos subvalorizados e condições trabalhistas inadequadas; ainda tendo que lidar com a mercantilização de seus corpos que é vista por alguns como trabalho.
Também continuamos submetidas à duplas ou triplas jornadas de trabalho, visto que as tarefas de cuidado do lar, de crianças, de doentes e do meio ambiente ainda são lidas socialmente como responsabilidade das mulheres, atividades estas que são desvalorizadas pelo patriarcado.
A nossa economia política, que é composta por uma cultura especista e patriarcal, foi construída e é sustentada pela exploração do trabalho dos corpos considerados mais fracos. A ascensão e manutenção do capitalismo é ancorada à exploração de mulheres, crianças, animais e pessoas com diferenças étnicas.
É importante lembrar que o trabalho animal não humano também é uma força econômica que gera muito valor (de uso e de troca) na sociedade, pois as granjas estão cheias de galinhas trabalhando para fornecerem ovos, pastos cheios de vacas que são constantemente engravidadas para fornecer leite, no mercado do entretenimento, na área da saúde...
Já há pesquisadores que entendem os animais como parte da classe trabalhadora, argumentando que sua cooperação e resistência também moldaram o trabalho humano e os instrumentos utilizados ao longo do tempo, possibilitando diversas revoluções técnicas.
O movimento histórico de reconhecimento dessas contradições enfrentadas por grupos marginalizados na sociedade de classes, sexo, espécie e etnia deve fazer emergir medidas de enfrentamento das condições referentes à comoditização da vida, alienação do trabalho e da existência/agência, visto que grupos vulneráveis de humanos e não humanos são afetados coletivamente pelo capitalismo.
Por um 1 de maio combativo, que repensa a produção e o trabalho, que luta pelo fim da exploração da nossa mão de obra, que busca por autonomia e pela superação do modo de produção em que [sobre]vivemos!
Julia Paulino
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